“Seja promotor da paz nos ambientes onde vive”

Caríssimos irmãos padres, diáconos, religiosos e religiosas, líderes das diversas pastorais, irmãos e irmãs na fé em Jesus Cristo,

Escrevo para recordar que o Ressuscitado vive entre nós. Sua presença, quando reconhecida e acolhida na fé, traz até nós sua força divina que vence o mal e a morte. Ele é Luz que ilumina a inteligência, ele é Sabedoria que orienta o coração. Sua presença faz uma grande diferença na maneira de conviver, de tratar uns aos outros, de viver os afetos, as responsabilidades, a busca do bem e da paz.

Convido a olhar para o Papa Francisco e ao seu apelo para acolher a misericórdia de Deus que inaugura um novo começo na vida das pessoas e a viver atitudes de semelhante misericórdia com as pessoas para renovar a paz nos ambientes onde vivemos. O Papa emerge no cenário deste mundo como um gigante movido por Jesus e sinal de Sua misericórdia que reacende esperanças e abre horizontes de reconciliação e de vida fraterna. Recordamos as visitas a Cuba, México, Estados Unidos, ONU.

Diante do momento delicado que vivemos por causa do desemprego que aumenta, do impeachment em andamento, da Lava Jato, das manifestações de rua, do clima de tensão, a ressurreição de Jesus Cristo, o Magistério do Papa Francisco e a vida das comunidades constituem para nós pontos de referência, oferecem luzes para compreender e sabedoria para agir.

Por isso, convido-os a rezar pelo povo brasileiro e pelas autoridades públicas para que as situações de crise sejam enfrentadas com equilíbrio, em clima de paz, no respeito à constituição, buscando acima de tudo o bem comum, fazendo tudo para que o momento presente seja ocasião de fortalecimento do Estado de direito, das instituições da República e das liberdades democráticas, conquistadas com o sacrifício de muitos nas décadas passadas.

A crise econômica, que desemprega milhões de trabalhadores e empobrece amplas camadas da população não pode continuar, deve ser encaminhada para soluções adequadas à retomada do crescimento. Recomendo gestos concretos de caridade fraterna para com quem perdeu o emprego e quem mais sofre.

Esperamos que a crise ética motive formas modernas de transparência nos procedimentos da gestão pública e no uso dos recursos. Mas é necessária também uma ampla e sistemática retomada de formação humana para que toda a população, e especialmente os mais jovens, assumam o compromisso de respeitar pontos de referência essenciais para o comportamento na convivência social, como os dez mandamentos. Não bastam leis escritas e relativas sanções, é necessário formar convicções enraizadas no coração das pessoas que orientem a conduta de cada cidadão para o bem e para a paz. Para isso, é oportuno retomar o ensino religioso nas escolas, conforme definido no acordo entre o Brasil e a Santa Sé.

A crise política exige dos diversos atores (membros do governo, partidos, grupos das redes sociais, mídia e outros grupos) a grandeza de pensar e propor o que corresponde ao bem do país. Por isso, é necessário deixar de lado a defesa de interesses menores, de pessoas ou de grupos. Usar a linguagem dos campos de batalha não é sinal de amor à democracia. É melhor usar uma linguagem que favoreça o entendimento e o diálogo, evitando ofender os adversários e acirrar os ânimos. O momento exige muita responsabilidade por parte de cada um, não somente nos lugares onde se tomam decisões importantes, mas em todos os ambientes onde grupos, grandes ou pequenos, discutem essas questões.

Por fim, meus caríssimos irmãos e irmãs muito amados, escrevo para convidá-los a contar com Jesus ressuscitado. Sua presença é um fator real dentro da realidade que nos envolve. Levar em consideração todos os fatores da realidade, inclusive Sua potência divina que vence o mal e a morte é sinal de abertura da inteligência e grandeza de ânimo, necessárias para encontrar saídas adequadas.

Peço a cada um que seja promotor da paz nos ambientes onde vive. As dificuldades são grandes, mas vão terminar, o momento é delicado, mas podemos vive-lo como motivo para crescer.

Quando os discípulos de Emaús encontraram Jesus que tinha ressuscitado e o reconheceram, recuperaram a alegria, se encheram de entusiasmo, reavivaram as razões de sua esperança e começaram uma vida nova, graças à certeza da vitória sobre o mal e sobre a morte.

Dom João Carlos Petrini

Bispo de Camaçari (BA) e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

Autor: PastoralFamiliar

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